Não deixe Cristo para se embrenhar em caminho que não é o dEle. Na verdade Ele é o Caminho; mas não só o Caminho, Ele também é a Verdade; mas não só a Verdade, Ele também é a vida, e ninguém; ninguém vai ao Pai se não for por meio dEle (cf. Jo 14:6). O sábio escreveu: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14:12). O caminho de Cristo é apertado, tendo no final uma porta estreita “e são poucos os que acertam com ela” (Mt 7:13,14). A verdade de Cristo é “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16,17).
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A vida de Cristo foi marcada pelo seu sofrimento nas mãos dos pecadores, aos quais Ele mesmo veio salvar. “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53:3-7). O caminho de Cristo é apertado e são poucos que acertam com ele. Esteja entre estes poucos, seguindo e obedecendo unicamente a vontade de Deus.
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Não deixe Cristo e a sua igreja por causa dos homens. O homem, como ser humano, é imperfeito e pecador, “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). No início de sua criação, quando o homem decidiu comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, transgrediu a vontade do Criador, caindo desta forma em pecado (saindo do alvo de Deus – Gn 2:8,9,16,17; 3:1-6). Daí a adiante a humanidade passou a absorver as conseqüências da transgressão ao longo de sua existência (cf. Gn 3:14-19). Deus, então preparou um plano para redenção do homem, pois Ele sabia que por meio do próprio esforço humano, ninguém poderia ser salvo do pecado. Profetas e servos de Deus anunciaram por milhares de anos a vinda do Messias, e em Jesus, o plano de Deus foi cumprido. Jesus veio buscar os pecadores, e estes precisam estar nEle se quiseram ser salvos. O Senhor disse: “… não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento” (Mt 9:13). E também: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10). Portanto, precisamos permanecer firmes ao invés de desistir, e largar a comunhão de Cristo e de Sua igreja. De alguma forma precisamos uns dos outros, e cada um é importante no reino de Cristo. Deus quer usar Seus filhos como instrumentos sem Suas poderosas mãos para realizar Sua soberana vontade aqui na terra. Jesus é perfeito, mas os homens “carecem da glória de Deus”.
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Não podemos exigir dos outros, o que nós mesmos não temos; pelo contrário, cada um exija de si mesmo, ou melhor, olhe para sua própria vida, reconhecendo seus erros, levando-os ao trono de Deus e deixando-o ajudar em nossas imperfeições, aprimorando e aperfeiçoando a cada dia o nosso ser. Só assim estaremos aptos e preparados para ajudar outros em suas dificuldades. Jesus disse: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.” (Mt 7:3-5 NVI). Não podemos exigir perfeição dos outros, quando nós mesmos não a temos; pelo contrário, precisamos seguir este ensinamento de Cristo e assim estaremos preparados para toda boa obra. “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb 10:24).
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Jesus não prometeu um “mar de rosas” na igreja e na nossa vida após o batismo. Jesus disse: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16:33). Alguns querem um “mar de rosas” e por não encontrarem, abandonam a fé, deixam Cristo e Sua igreja e procuram no mundo ou nas diversas religiões algo que possam preencher, não suas necessidades, mas seus desejos e vontades. Porém, Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8:34). É isto que queremos, negar a nós mesmos, ou seja, nossas vontades, desejos, projetos pessoais, ambições, e etc.? Queremos tomar a nossa própria cruz: sofrimento, aflições e dificuldades por se tornar um discípulo de Cristo? E não nos enganemos, quem viver com zelo e dedicação a Cristo será perseguido (cf. 2 Tm 3:12). E por fim, será que queremos seguir de fato Jesus, ou seja, estar perto dEle, ao lado dEle, enfrentando toda a oposição e perseguição dos homens? Quantos querem isto para as suas vidas? “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1 Jo 2:6). Se andarmos assim como Ele andou, com certeza terá muita gente se opondo a nós, pois a vida e pregação de Cristo foram e é loucura para o mundo. “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co 1:18,21).
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Se o nosso sofrimento é por causa do pecado, nosso sofrimento é vão. Porém, se nosso sofrimento é por causa de Cristo, por ser fiel a Ele, deixando o pecado para obedecer a vontade de Deus, nossa luta nunca será em vão, mas obteremos no final a coroa da justiça (2 Tm 4:8). Deixar o pecado, também traz sofrimento, pois deixaremos de satisfazer a carne e suas concupiscências, mas a recompensa final em Cristo vale toda a dedicação, abnegação e esforço (Lc 13:24; 1 Pe 4:1-8). Porém, devemos sempre lembrar que por mais que façamos, a nossa salvação será pela graça redentora de Deus dada em Cristo Jesus. Deus fará e cumprirá a parte dEle com certeza, no entanto, precisamos fazer a nossa, deixando a vida de transgressão, obedecendo a Deus, sendo fiel a Cristo, persistindo e não desviando do caminho até a Sua volta.
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O que Pedro e os outros discípulos fizeram quando os guardas do templo prenderam Jesus? Todos foram com Ele? Não! Todos o abandonaram! Ficaram de longe, longe do sofrimento do Senhor; de seu flagelo; e de sua crucificação. Porém, após a ressurreição e ascensão de Cristo, eles entenderam o chamado dEle, negaram a si mesmos, pegaram a sua cruz e seguiram Jesus de fato. Eles enfrentaram oposição e consequentemente a morte por causa de Cristo e de Sua causa neste mundo.
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Precisamos entender uma coisa: estar com Cristo e perto dEle é enfrentar as mesmas coisas que Ele enfrentou: oposição e perseguição dos homens. Estar perto dEle é estar frente a morte e o perigo. Os apóstolos entenderam isso. Paulo entendeu muito bem quando disse: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20). E também: “Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:10-13).
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O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne”, e rogou ao Senhor por três vezes para tirá-lo, ao passo que Deus o respondeu: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9a). Entendo isto, Paulo declarou: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (Fp 12:9b). E ele continuou: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12:10). A nossa alegria deve ser sofrer por causa do nome glorioso de Cristo; por sermos fiéis a Ele. Pedro e os apóstolos regozijaram por terem sofrido açoites por causa de Jesus, veja: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (At 5:41). Infelizmente, o que muitos têm buscado hoje é exatamente o contrário.
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O sofrimento faz parte da vida cristã e quem procura fugir dele não entendeu o chamado de Cristo e nem o que Ele e tantos outros discípulos passaram neste mundo por amor a Deus e a Sua vontade. Não deixe Cristo por causa do sofrimento. Não deixe Cristo por causa dos homens e seus erros. Deixe sim os homens e seus erros, acréscimos e violação da Palavra de Deus para seguir unicamente a Cristo. Sejamos como aqueles descritos em Hebreus 11, aos quais “o mundo não era digno” (Hb 11:38). Eles tinham a fé, ou seja, a certeza nas coisas que esperavam e a convicção dos fatos que não viam (cf. Hb 11:1). “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).
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“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14:12). Não siga caminhos estranhos, siga o verdadeiro e único Caminho: Jesus Cristo!
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