aparência

Porque fazemos isso, e quais as implicações?

Introdução:

“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (João 7:24)

Neste verso, e também no contexto, aparência não deve se limitar a questão física, mas num preconceito arrogante que os lideres tinham em relação a Jesus, sem o qual ficassem livres, jamais poderiam ter o discernimento correto do Messias (João 7:17).

O capítulo 7 começa com Jesus sendo julgado um lunático por seus irmãos e tentando força-los dentro dos seus conceitos de um Messias superstar. Quando ele chegou, em oculto, ouviu que o povo se dividia entre achar que ele era bom ou enganador, baseados em ambas as opiniões.

Quando Jesus foi visto ensinando sem ter sido aluno de ninguém, o julgaram inapto para ensinar o povo – conceito de mestre que gerava preconceito em aceitar Jesus como professor. Jesus revela seus corações e novamente eles atribuem esse poder ao demônio, espécie de bruxaria ou magia. Eles não conheciam Deus e julgavam pela aparência e não pela Palavra – ela é a reta justiça para julgarmos todas as coisas.

O mal juízo deles perverteu em suas mentes o verdadeiro caráter de Jesus, ao invés de vê-lo como benfeitor o acusaram de desrespeitar a Lei.

Depois de enviarem guardas para o prenderem, visto que muitos começavam a crer, quando os guardas chegam sem Jesus, o texto termina com a discussão se a Lei permite condenar um homem antes de ouvi-lo em julgamento. Exatamente este final pode ser um clímax ou conclusão da mensagem, pois o que é o juízo pela aparência, senão negar ao outro a oportunidade de mostrar-se quem é de verdade.

Conceitos:

Podemos diferenciar diversos aspectos no julgar pela aparência:

1) Vestimenta – Ex.: uma pessoa não se veste como eu gosto.
2) Classe social – Ex.: uma pessoa pobre ou rica.
3) Acepção – Ex.: escolha e/ou seleção de quem teremos contato e relacionamento.
4) Etnia: uma pessoa de cor diferente da minha, e ou origem diferente.
5) Julgamento de terceiros – Ex.: uma percepção errada sobre a pessoa baseado em comentários alheios e não por contato pessoal.

Tiago fala da acepção de pessoas (2:1-10), porém, José de Arimatéia e Nicodemos tinham outra percepção de Jesus por causa do contato pessoal.

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.” (Tiago 2:1,9)

Implicações / Aplicações:

Implicações:

1) Vestimenta: o resultado de julgarmos a forma de vestir de uma pessoa é interferir no gosto pessoal dela. Ninguém se faz melhor por utilizar esta ou aquela roupa.
2) Classe social: o resultado de julgarmos uma pessoa por ser rica ou pobre demonstra a incapacidade de compreender que um ser humano não se define pelo aquilo que ele tem ou não tem, mas aquilo que ele é.
3) Acepção: o resultado de julgarmos quem devemos relacionar ou se envolver é o distanciamento das pessoas, e perda de uma grande oportunidade de servir, aprender e crescer com elas.
4) Etnia: o resultado de julgarmos uma pessoa por sua cor ou origem, demonstra a pequenez de nosso caráter, e o quanto carecemos da misericórdia de Deus, o Criador.
5) Julgamento de terceiros: o resultado de julgarmos os outros pelo comentário alheio é a barreira social criada. Minha percepção sobre a pessoa é pelo parecer dos outros, e não por minha própria.

Aplicações:

1) Vestimenta: “Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (1 Coríntios 15:53,54)
2) Classe social: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:26-28)
3) Acepção: “Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.” (1 Pedro 1:17-21)
4) Etnia: “Há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Efésios 4:6)
5) Julgamento de terceiros: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?” (Tiago 4:11,12)

Conclusão:

Em todos os aspectos apresentados, o ensinamento de Jesus é claro, direto e objetivo: não devemos julgar as pessoas segundo a aparência. Porém, ele não proibiu o julgamento, desde que seja pela “reta justiça”. Através dela obteremos um parecer justo sobre os outros, oferendo a oportunidade para a pessoa se mostrar como realmente é, sem rótulos ou preconceitos. O julgamento pela reta justiça expõem o caráter independente do exterior; roupa, posição social, cor de pele, origem, etc. É conhecer a pessoa por aquilo que ela faz, ou seja, por suas atitudes.